quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Guerreiro


E não me importa que venham os loucos,
E os tontos e os santos
Armados com seus paus ocos,
Que venham todos e outros tantos,
Os bocas moles e os covardes,
E os vanguardistas sem coragem,
Estou pronto!
Armado de idéias para os dedos tesos,
Para os falsos profetas
Ilusionistas do tempo,
E podem vir também os fantasmas,
Os falsos moralistas,
Não tenho medo.
Tenho garras afiadas e palavras tangentes,
Cicatrizes marcadas,
Mas curadas totalmente,
Já não temo mais qualquer batalha,
Tampouco ver meu sangue derramado,
Já perdi tanto sangue nas esquinas do mundo,
Vislumbrei tantos sonhos sendo estraçalhados,
Mas sempre me levantei e curei as feridas,
E os precipícios que me arrastaram
Foram todos ilustres tentativas.
Pois que venham os sorrisos impregnados de veneno,
E as máscaras de bondade,
Que venham todos,
Já não temo.

P.S.: Poema escrito em Coimbra/Portugal em 20/05/2010.

Beijo pra quem é de beijo.
Abraço pra quem é de abraço!

domingo, 28 de novembro de 2010

Ser-tu, ser-não, sei-lá


Eu sou fluido como o vento,
E cada esquina desse mundo me compõe.
Tantos sorrisos, cigarros e tentações,
Universos de desencontros e nenhum deles é o meu.
Eu sou o além do além da física e da quântica
E da mística ininteligível,
Geometria nenhuma me dimensiona.
Houve um espelho que se quebrou em mil pedaços,
Fragmentados, era de dar dó,
Mas teimavam em refletir a mesma imagem,
Distorcidas, apáticas, desfocadas,
Também eu fui quebrado em mil pedaços,
Ando por aí a juntar caco por caco,
Sentimentos e desejos perambulantes ao acaso.
Sou tantos, mas todos verdadeiros.
Vez por outra desconheço alguns meus,
Afogado por um rio de possibilidades infindas,
Águas caudalosas transbordadas de eus,
Luto para emergir e enxergar os tus,
E após tanta briga me agarro nos teus.
Meus eus sem tu ser-não,
Alguns dos meus, são teus, eus.
Há muitos ainda pelo chão,
E outros escondidos nos breus.
O ser-não é um fantasma que me apavora,
Tive medo de serem teus, meus alguns eus,
Mas o vento só nos leva a ti agora,
Devora, sozinhos eus, adeus.

domingo, 7 de novembro de 2010

Não quero seu óbvio


Teu olhar passeia por tantos
Que não me vê,
Enquanto meus olhos
Entre os desencontros,
Só enxerga você,
Mergulho em teu ser
E imagino tua boca
Percorrendo meu corpo,
Tua mão corajosa
Tirando minha roupa
Sem muito esforço,
Mas você desconversa
E me diz "meu amigo",
Eu não quero seu óbvio,
Quero o seu precipício,
Que se atire em meu colo
E me deixe ser seu vício,
Já te conheço até pelo avesso,
Já te imagino em meu endereço.
Sinto saudade e um grande desgosto,
Se não tenho teu beijo roçando em meu rosto,
Sem a tua pele encostada na minha,
E o teu abraço que sempre me aninha.
Eu não quero despedida,
Quero a madrugada inteira.
Aquela tua mão atrevida
Que feito chama me incendeia,
Quero mergulhar em teu olhar,
Me perder em teus labirintos
E nunca mais me encontrar.

Beijo pra quem é de beijo.
Abraço pra quem é de abraço!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Plástico corpo quase humano


Olhem para mim,
Sou outra pessoa,
Alguém reconhece?
Meus seios inflados,
Meu rosto esticado,
Minha pele de bebê.
Meu nariz empinado
Foi se modificando
Sem eu perceber.
Me sentia poderosa,
Se saía na rua
Só ouvia “gostosa”,
E saía rebolando
Meu bumbum siliconado.
Me sentia a bacana
Quando ia trocar
Minhas unhas de porcelana.
Os meus cílios postiços
Ressaltavam as lentes
Azuis, é claro.
Meu cabelo pixaim, e preto e desarrumado,
Ficou loiro como o sol
E totalmente esticado.
Fui montando meus sonhos
Em meu rosto pintado,
Em meu corpo de sapatos
E grifes embalsamado.
Eu chegava arrasando,
Abafando, detonando,
Os homens me desejavam,
Idolatravam esse corpo
Criado por Deus,
E pelo homem esculturado.
Não faltavam coroas ricos
Querendo se exibir ao meu lado,
Pagando um bom trocado
Para romper novamente
Meu hímen remodelado.
Mas o tempo levou os homens,
Levou o dinheiro,
Levou o botox.
Meu corpo foi despedaçando,
Foi se ferindo, se mutilando,
Sangrando silicone ácido,
Corroendo um coração verdadeiro
Auxiliado por um bom marca-passo.
Virei um emaranhado de peles sobrepostas,
Um aglomerado de células mortas.
Minhas virgindades tantas vezes perdidas,
Levaram-me, uma a uma, o sabor do prazer.
Sinto-me agora monstruosa,
Apenas a morte não notou que estou morta,
E se esqueceu de vir buscar,
O corpo esquálido no qual me transformei
Quando queria apenas me encontrar.

Cada um deve ir em busca do que lhe convém. Mas não deixe que o espelho seja mais importante que sua sombra. Espelhos são como os olhos alheios. E se quiser a opinião de alguém que lhe ama de verdade, olhe-se com seus olhos.

Beijo pra quem é de beijo.
Abraço pra quem é de abraço.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Eu, barco


Eu, barco, navego sem rumo,
Por entre as profundezas confusas do meu ser,
Tempestades de raios,
Vórtices de dúvidas,
Não temo.
Balanço inconstante ao sabor dos ventos,
São perigos solitários,
Esquinas de ilhas.
Vivo me perdendo entre os labirintos,
E escutando as sereias
Que me convidam pro abismo.
Mas de todos os riscos,
Dos faróis eu sempre fugia,
Sou navegante do desconhecido,
Só naufrago na calmaria.

Enfim estou de volta. E agora é - de novo - pra ficar!
Só quem escreve consegue dimensionar o quanto é gratificante receber o carinho dos ilustres leitores. Esse aqui, por mais exagerado que pareça, é meu grande templo de idéias. É meu refúgio. É onde eu divido com o mundo o que tenho de mais "meu". Espero que quem passe por aqui leve consigo um pouco do muito de mim. E, caso deseje, também deixe um pouco de você aqui. Vórtice é isso. É mistura. É turbilhão de idéias. Obrigado a todos os que visitam minha casa blogsférica. Podem entrar sem bater. Mi casa, su casa!

Beijo pra quem é de beijo.
Abraço pra quem é de abraço!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Porta Aberta


O meu corpo, assim teu
Que te enfeita,
Tu me usas e eu te deixo
Que me eleves,
Minhas curvas só derrapam
Nos teus dedos,
Só tua boca arrepia
Minha pele,
Esse fogo que incendeia minha cama,
Essa chama que às noites me aquece,
Meus desejos são labirintos
Nos quais te encontras,
Meus segredos são códigos
Que tu conheces,
Eu me deixo e permito
Que tu domes,
Esse animal, faminto,
Que te enlouquece,
Eu te recebo, me entrego, me liberto,
Sou porta aberta,
Pode entrar quando quiseres.

Coimbra, 21 de abril de 2010.

Caros amigos leitores, estive por uma temporada na Europa e, entre viagens, estudos e festas quase diárias, acabei abandonando o Blog por um tempinho. Mas a saudade apertou e agora estou de volta com as energias renovadas. Espero que continuem me acompanhando e tenham a certeza que irei sempre fazer o possível para que todos tenham uma boa leitura ao passar aqui em minha casa na Blogsfera.
Confesso que, quando estou um pouco down, basta ler os comentarios nas postagens para alegrar meu dia... fico muito grato a todos pelo carinho.
Ah, me adicionem no twitter também... o link está logo no início da página...

Beijo pra quem é de beijo,
Abraço pra quem é de abraço.

terça-feira, 30 de março de 2010

Avesso


Primeiramente, gostaria de pedir desculpas pela minha displicência com o Blog, mas estou passando um tempo fora do país ( estudando) e está uma correria que só vendo... mas aos poucos irei voltando ao ritmo novamente...


Eu sou a chave que te desmonta,
Sou aquela curva que te derrapa,
Eu sou o silencio que te amedronta,
Sou o remendo que te encaixa.

Eu sou a bruta que te maltrata,
Sou a puta que te usa,
Sou a azeitona que te engasga,
Sou a redoma que te recusa.

Eu sou a beleza que te cega,
Sou o abismo que te preocupa,
Eu sou a dama que te nega,
Sou a navalha que te machuca.

Eu sou a sombra que te persegue,
Eu sou o blefe que te engana,
Eu sou o avesso que te diverge,
Eu sou aquele que te ama.

Beijo pra quem é de beijo.
Abraço pra quem é de abraço.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Gota


O meu amor é incerto,
Perdido, secreto,
É um grão no deserto,
Disperso,
Imerso na imensidão de um verso,
Discreto,
É o avesso do avesso,
É perverso,
Feiticeiro do inverso,
Imenso,
Corajoso inverno,
Incenso,
Ameno, sereno, denso.
É uma gota partindo do leito,
Viajando dia, noite, madrugada,
Corajosa, que do alto da cascata
Pula e chega ,mansa e calma
No meu peito.

P.S.: Desculpem a demora em atualizar o Blog... cheguei em Portugal há poucos dias e ainda estava colocando as coisas em ordem... agora irei atualizar o Blog diretamente daqui... espero que o clima europeu me traga muitas inspirações.

Beijo pra quem é de beijo.
Abraço pra quem é de abraço.