quarta-feira, 27 de maio de 2009

Dicotomias


"Eu quero é que esse canto torto
Feito faca, corte a carne de vocês." (Belchior)

Pelas ruas esburacadas
Corre o esgoto a céu aberto
E em meio às casinhas de taipa,
Vivem os homens e os insetos.

Lá no fundo ecoa o lamento,
De uma mãe o choro aflito,
Acabara de morrer seu filho desnutrido,
Mais um ser perdeu seu alento.

A mulher segura no colo
A criança com a barriga galdia,
Clamando um prato de comida,
Mas a panela continua vazia.

E enquanto o pobre homem luta
Para ser habitante de sua própria cidade,
O outro homem nem o percebe,
Pois está atolado na mediocridade.

A cidade com duas faces,
Uma sadia e outra com pus,
Separadas por algumas passadas,
Que se transformam em anos luz.

O menino vive na rua,
Sem lar, sem educação,
Você vê, mas não enxerga,
Pois está inundada de egoísmo
E tem medo do pobre coitado,
Aquele menino, antes indefeso,
Mas que precisa sobreviver, como?
A solução é a sua bolsa
Daquela grife de Milão,
A mãozinha segurando a arma
Para com ela comprar seu pão,
Mas eu não posso reclamar
Nem você e nem a moça,
Pois a criança que era indefesa
Não tinha outra solução,
E teve que usar a arma
Que colocamos em sua mão.

Mas aquele homem também luta
Para ser habitante de sua cidade,
Ser um cidadão brasileiro,
Conquistar sua dignidade.

Contudo, seu grito é abafado,
Ou mesmo ignorado,
Por aqueles que têm o poder
E podem falar mais alto.

O menino que você repudiou
E a sociedade deixou de lado,
Hoje ele te roubou,
Mas quem é o verdadeiro culpado?

P.S.: Dedico este poema a todos os que, como eu, são apaixonados pela arte da poesia. Poesia é amor, é dor, é esperença, é revolta, é lembrança, é nostalgia, é tristeza e alegria. Poesia é isso tudo. "Ilumina a noite. Incendeia o dia."...

Grande abraço a todos!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Flores horizontais ( biografias horizontais V)


Todas as tardes ao pôr do sol
Apareciam na janela
As murchas flores da noite.
Ora de uma palidez sorumbática,
Ora de um pretume sombrio,
Mas sempre despetaladas e apáticas,
Eram talos de espinhos cuja rosa se perdera,
Restando uma tenra lembrança
Perceptível nos olhares profundos e lânguidos.
As janelas eram iluminadas pelos néons
E pelo brilho gelado dos rostos lustrosos.
De longe, via-se os contornos disformes
Das putas inverossímeis,
Amantes mal amadas das frias madrugadas,
Peitos e pernas perambulantes nas calçadas,
Mulheres da vida ( nada fácil )
Que sonham e sofrem como qualquer outra.
Que levam bofetadas da sorte e são espancadas pelo tempo.
Que são marcadas a ferro pelos currais do mundo.
Mas não desistem de lutar.
Mas não desistem de amar.
Pois são mulheres, acima de tudo.


P.S.: A imagem acima é de um Artista Plástico chamado Saulo Mota. Quem se interessar em conehcer melhor seu trabalho é só acessar o blog: http://saulomotaartistaplastico.blogspot.com/.

Grande abraço a todos os meus leitores.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Quotidiano adolescente


Durmo
Sonho, acordo, mijo, volto,
Deito, rolo, e fecho os olhos,
Viro, desço, e então levanto,
Lavo, escovo, enxugo e pronto!
Visto, calço, saio e ando.
Subo, desço, chego e entro,
Oi! Bom dia! Como vai? Que saco!!
Falo, finjo e então me sento,
Olho, olho e não entendo,
Mas Matemática é assim mesmo,
Beijo, faço, como e bebo,
Volto, sento e revejo,
Novamente não entendo,
Mas a vida é assim mesmo.
Então sigo estudando,
Falando, fingindo, andando,
Jogo carta, jogo bola, jogo fora,
Fumo tudo, bebo tudo, papo óstia,
Às vezes rezo, às vezes trepo, às vezes pago,
Vivo sem grana, vivo sem drama, vivo sem saco,
Casa-escola-rua-trabalho,
E assim meu dia vai por alto,
Chefe chato, professor pentelho, namorada neurótica,
Não tenho sossego.
Desce o sol, sobe a lua
Casa-rua, quem sabe a minha, ou talvez a sua?
Vou pra zona, vou à tona, vou pra balada,
Beijo, brigo e levo porrada,
Beijo, bato, só dou mancada,
Mas adolescência é isso mesmo,
Imprevisivelmente inexplicável.
Boto mercúrio, boto band-aid e volto pra dança,
Bebo, beijo, afinal a noite é uma criança,
Pego uma gata, levo pra casa e faço a festa,
Durmo...
Acordo sozinho, cabeça estourando e o olho inchado,
Boto um óculos, disfarço a pancada e vou pro trabalho,
Vai começar tudo de novo, que C... .

Grande abraço aos meus leitores e amigos!
Voltem sempre, a casa é de vocês...

domingo, 3 de maio de 2009

Música


Cada silêncio em teu olhar
Penetra na veia como harmônico som,
Teus dedos percorrem toda extremidade,
Tentando extrair de mim cada tom,
Tua boca me devora os acordes,
Revelando teu precioso dom,
Cada nota do meu corpo
É canção em tuas mãos.
Cantado por tua voz
Sou uma linda sinfonia.
Tocado por tua pele
Sou imponente violão.

Por falar em música, quem ainda não assistiu ao vídeo de Susan Boyle, eu recomendo. Eu já assiti dezenas de vezes e toda vez me emociono. Ela é exemplo de superação, de determinação e de como nós nos enganamos com nossos pré-conceitos. E, além do mais, a música é linda. Confiram!
Esse é o link para assistir ao vídeo...

http://www.youtube.com/watch?v=xRbYtxHayXo&feature=related

Ou, caso prefiram, tem uma barra do youtube na lateral do blog. Lá vocês encontram esse e outros vídeos, relacionados à música e humor...

Grande abraço!