domingo, 28 de novembro de 2010

Ser-tu, ser-não, sei-lá


Eu sou fluido como o vento,
E cada esquina desse mundo me compõe.
Tantos sorrisos, cigarros e tentações,
Universos de desencontros e nenhum deles é o meu.
Eu sou o além do além da física e da quântica
E da mística ininteligível,
Geometria nenhuma me dimensiona.
Houve um espelho que se quebrou em mil pedaços,
Fragmentados, era de dar dó,
Mas teimavam em refletir a mesma imagem,
Distorcidas, apáticas, desfocadas,
Também eu fui quebrado em mil pedaços,
Ando por aí a juntar caco por caco,
Sentimentos e desejos perambulantes ao acaso.
Sou tantos, mas todos verdadeiros.
Vez por outra desconheço alguns meus,
Afogado por um rio de possibilidades infindas,
Águas caudalosas transbordadas de eus,
Luto para emergir e enxergar os tus,
E após tanta briga me agarro nos teus.
Meus eus sem tu ser-não,
Alguns dos meus, são teus, eus.
Há muitos ainda pelo chão,
E outros escondidos nos breus.
O ser-não é um fantasma que me apavora,
Tive medo de serem teus, meus alguns eus,
Mas o vento só nos leva a ti agora,
Devora, sozinhos eus, adeus.

domingo, 7 de novembro de 2010

Não quero seu óbvio


Teu olhar passeia por tantos
Que não me vê,
Enquanto meus olhos
Entre os desencontros,
Só enxerga você,
Mergulho em teu ser
E imagino tua boca
Percorrendo meu corpo,
Tua mão corajosa
Tirando minha roupa
Sem muito esforço,
Mas você desconversa
E me diz "meu amigo",
Eu não quero seu óbvio,
Quero o seu precipício,
Que se atire em meu colo
E me deixe ser seu vício,
Já te conheço até pelo avesso,
Já te imagino em meu endereço.
Sinto saudade e um grande desgosto,
Se não tenho teu beijo roçando em meu rosto,
Sem a tua pele encostada na minha,
E o teu abraço que sempre me aninha.
Eu não quero despedida,
Quero a madrugada inteira.
Aquela tua mão atrevida
Que feito chama me incendeia,
Quero mergulhar em teu olhar,
Me perder em teus labirintos
E nunca mais me encontrar.

Beijo pra quem é de beijo.
Abraço pra quem é de abraço!