quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Vida longa às palavras... 1 ano de Blog!


Este mês o nosso Blog está comemorando seu primeiro ano de vida. Foram 40 postagens, quase 500 comentários e mais de 14.000 visitantes. Sem falar nos mais de 100 blogs que nos deram o prazer de fazer parte do nosso rol de seguidores...
Lembro que, quando escrevi o primeiro texto, nem sabia como colocar a imagem no post (risos), mas confesso que foi amor à primeira vista.
Escrever é minha maior paixão.
É o meu inexorável vício.
Meu incontrolável tesão.
Vocês podem até não acreditar, mas eu tenho orgasmos pelos dedos. Múltiplos. Quando escrevo um poema, uma crônica ou uma palavra perdida na imensidão de um verso, fico leve, leve.
Ultimamente confesso estar um pouco sem tempo para dar a atenção que o Blog e que meus leitores merecem. Mas este espaço continua a ser meu refúgio. Se estou triste, entediado ou aflito com algum desses pequenos problemas do cotidiano, corro pro Blog e leio os comentários, re-leio os textos, dou uma fuçada nos blogs alheios...
Por falar em Blogs alheios, tive surpresas avassaladoras e indescritíveis nos meus passeios pela Blogsfera.
Cada comentário que chega é uma grande alegria. Gosto de sentir que minhas palavras estão tocando alguém que eu nunca vi e que nunca me viu.
Torço muito para que o Ó Com Copo continue a existir por muitos e muitos anos. Próximo ano estou indo passar uma temporada na Europa... dessa forma, espero que 2010 seja um ano repleto de inspirações...
Coloquem todas as palavras para fora. Elas nasceram para voar ao sabor dos ventos...
Vamos fazer com que esse vórtice nunca pare de girar, esse louco turbilhão de palavras que já faz parte de mim...
E obrigado por todas as palavras de incentivo, por todos os elogios e por todo o carinho que tenho recebido.

Acho que a melhor forma que tenho de agradecer é escrevendo. E prometo que me esforçarei para que nenhuma visita de meus leitores a este Blog seja em vão.

(Todo indivíduo possui um potencial criador incomensurável. Um vórtice de idéias e ideais que se misturam ao acaso. Letras, palavras, sons e silêncio. Escrever é compartilhar sentimentos. Então, façamos desse vórtice um devorador de emoções. Escrevam e compartilhem.)

Beijo pra quem é de beijo!
Abraço pra quem é de abraço!

P.S.: Fiquem à vontade para pegar o selo.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Garimpador


Ando por aí garimpando idéias,
Com minha pá imprecisa,
Mas sempre com os ideais firmes,
Vivo a escavar ilusões,
A procurar pedaços de sonhos no imprevisível,
De vez em quando encontro riquezas,
Incertezas de brilho indescritível,
Vez por outra desenterro alguns mortos,
Fragmentos de memórias já esquecidos.
E quando eu resolvo garimpar amor,
Tenho que me valer de alguns explosivos,
Confesso que sempre saio ferido,
São buracos profundos, verdadeiros precipícios,
Algumas minas já foram deixadas pra trás,
Outras estão apenas no início,
Eu também garimpo dor em meio a labirintos,
Algumas vezes me encontro depois,
Mas só depois de já ter me perdido,
Eu gosto mesmo é de garimpar sorrisos,
De mergulhar em cada boca,
Tornou-se um ilustre vício,
E se não encontro o que procuro,
Cavo mais fundo, se for preciso,
Deixo pra trás toda a dor encontrada,
E com as belezas desenterradas
Construo meu paraíso,
Eu garimpo vida...

Queria pedir desculpas por ter aparecido pouco por aqui, mas estou em meio a um turbilhão... em janeiro começarei a postar do Blog diretamente de Portugal. Vou passar um tempo por lá, fazendo uma especialização, por isso estou nessa correria danada...
Mas não me abandonem não viu... rs!
E eu prometo passar aqui sempre que for possível.
Beijo pra quem é de beijo!
Abraço pra quem é de abraço!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Frase do dia...


Construí meu mundo com tijolos de sonhos.

Em um dia, desmorona um muro inteiro.

No outro, ergue-se uma fortaleza...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Já nem sei


Era pra ser só uma palavra,
Mas os versos adiaram o adeus.
Era pra ser somente um beijo,
Mas teus lábios, perderam-se nos meus.

Tudo foi tão, mas nada em vão,
Tudo foi teu, todo o eu meu,
Tudo foi vão, mas nada tão,
Tudo foi meu, todo o não teu.

Nem sei se posso um dia dizer,
Que amei e fui amado por você,
Pois os ventos já levaram meus desejos,
E meu corpo já não vibra com teu cheiro.

Tudo foi não, nem tu e nem eu,
Tudo foi teu, teu não e o meu,
Tudo foi eu, tão seu e tão meu,
Tudo foi tão, vão, que depois, se perdeu.

Era pra ser uma festa, mas acabou a bebida,
As luzes ficaram sombrias, e a dama esquecida,
Era pra ser uma farra, uma forra, uma tara, uma gira,
Mas acabou sendo fossa, uma farça, pirraça, trapaça e orgia.

Te falei que não queria, só esqueci de te dizer,
Eu achei que negaria, mas na hora paguei pra ver,
Sempre soube que teria, um final, antes do fim,
Mas confesso que faria, tudo de novo mesmo assim,
E sofreria, só mais um pouco,
E ficaria, um tanto mais louco,
E subiria até sua boca,
E beijaria, mais uma dose,
Me entregaria, sem fazer pose.

Só pra te amar mais um pouco.
Só pra sorrir mais um pouco.
Só pra chorar mais um pouco.
Só pra morrer mais um pouco.

P.S. Calma, meus leitores, eu estou bem. Afinal, para sofrer por amor é preciso amar. E o amor é a energia que nos move. Não existe desamor. O amor antigo vira dubo para que outro possa germinar. Ele não morre. Ele renasce sob uma nova roupagem.
Ah, o amor!
Beijo pra quem é de beijo.
Abraço pra quem é de abraço.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Vamos pular?


O que é o amor?
Para mim o amor é um abismo.
Dá vontade de pular de cabeça,
De ver até onde vai dar,
Mas dá medo o abismo escuro do amor,
Que mesmo iluminado
Não nos deixa ver o final.
Esse breu que entorpece o juízo,
Nosso inexorável precipício.
Nosso vício de pular
E de morrer a cada início.
O amor crava as unhas bem fundo,
E nos rasga o peito.
Eu pulo mesmo assim...
Pois o que seria da vida sem o risco da morte?
Então, vamos pular juntos?

Se o amor bater em sua porta, abra sem medo. Escancare as janelas do seu coração. Por certo que amar também é sofrer. Mas pior é amargar a trsiteza de uma vida sem amor. Permita-se. Apaixone-se.

"É tão bom morrer de amor e continuar vivendo." (Mário Quintana).

Beijo pra quem é de beijo.
Abraço pra quem é de abraço.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Amor boêmio


Serafim desafinado,
Asas negras do amor,
Grande Eros desastrado,
Sem querer me acertou.

De tristeza e de louvor,
O meu corpo assim marcado,
Geme de gozo e de dor,
Inocência e pecado.

Com o corpo esburacado
Das flechadas que levei,
Vejo agora a minha amada
Em cada boca que provei.

Para alguns um sedutor,
Para outros um indecente,
Sou apenas do amor
Uma vítima inocente.

Oh! Miserável cura,
Por que me abandonastes?
Essa chaga assim perdura,
Mais que gosto de chocolate.

Não consigo me conter
Quando vejo em minha frente,
Tantas fontes de prazer,
Tanto licor, tanta aguardente.

O amor é um turbilhão,
Uma incrível mistura,
Claridão no fim do túnel,
E vazia sepultura.

Vulcão incandescente,
Furacão arrasador,
Um olhar e de repente,
Colchões e tapetes de ardor.

Ai de mim, amor desgovernado,
Criatura impiedosa,
Meu arqueiro idolatrado,
De flechadas indecorosas.

Meus queridos leitores, confesso que fui acertado em cheio. Não sei como, nem onde. Quando me dei por mim, o amor já tinha me pegado de jeito...
Assim, desejo com este poema, todo o amor que for possível guardar em seus corações. Que vocês tenham amor em abundância, sem esquecer que, antes de qualquer outra pessoa, você deve se amar.
Amor não tem sexo, religião, crença ou ideologia. O amor floresce dos campos mais férteis ou dos desertos mais inóspitos.

como eu já disse em um poema...

Pois aquele que morre de amor,
Vai ter uma morte lenta e sofrida,
Mas é melhor morrer de amor,
Do que viver sem um amor, na vida!

"Morro de saudade, a culpa é sua".

Beijo pra quem é de beijo. Abraço pra quem é de abraço!

sábado, 26 de setembro de 2009

Boas Idéias


Existem tantas palavras escondidas,
Tantas alegrias, tantas cores.
Tantos amores mal resolvidos,
Tantas idéias, tantas dores.
Já é hora de seus medos descerem as escadas,
Descarregue seus preconceitos na privada,
Troque os óculos de seus olhares maledicentes
E veja que é igual ser tão diferente.
Experimente trocar as roupas surradas,
Dispa-se dos pudores e vista novas possibilidades.
Mantenha a cabeça erguida bem acima das pequenas idéias.
Enfrente com força os dedos tesos,
Fazendo da sua armadura um espelho.
Não julgue ninguém pela cama,
Nunca machuque a quem você ama.
É bom quebrar as regras às vezes,
Gargalhar para as adversidades.
Aprenda novas canções, novos caminhos,
Siga por novas direções.
Tenho a certeza que seus dragões não passavam de moinhos de vento.
Não repita o que lhe incomoda,
Não propague o que lhe machuca,
Não mascare seu sorriso e não guarde seus sentimentos.
Tome um banho de chuva,
Dance como se ninguém estivesse vendo.
Beije sempre que puder
E leia todos os livros que conseguir.
Escreva. Coloque no papel o que sente,
O que busca, o que espera.
Enfim, viva intensamente cada momento seu
E deixe que o outro também o faça.
Ame muito, respeite tudo, e tenha uma overdose de sorrisos.

P.S. Estou em uma fase muito feliz e repleto de novas perspectivas. Decidi compartilhar essa alegria com vocês... Ah! o quadro acima também é de minha autoria...rs! (:

Beijo pra quem é de beijo.
Abraço pra quem é de abraço!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Blogagem coletiva... Uma carta pra mim... ( Blog Um pouco de mim)



Caro Roberto,
Lembra de quando você era aquele menino indefeso, que não tinha medo do escuro, mas tinha medo de não viver? Pois bem, desde então já se passaram alguns anos e muitas historias pra contar... Não esqueço daquele amigo que sempre dizia " você nasceu para ser amante da madrugada". Hoje sinto suas palavras pulsando em minhas veias... Já atravessei tempestades loucas. Já me perdi em labiritnos de dúvidas. Já me encontrei em algumas bocas. Já tomei banho de chuva. Conquistei amigos, amores e curvas. Um menino que sonhava em conhecer o mundo. Que queria ser médico e acabou se tornando advogado. Que mentia a idade para parecer mais velho. Que enfrenta firme as bocas moles. Quem diria que aquele garoto inocente,por vezes até meio bobo, um dia fosse enfrentar, uma a uma, suas batalhas? O garimpador de sorrisos que chorava escondido dos outros. Nascido em uma cidade com 5 mil habitantes, sempre soube que havia um mundo inteiro de possibilidades atrás daqueles muros. Aos treze anos, deixou a casa dos pais e foi desbravar a metrópole soteropolitana. Descobriu novos horizontes. Ese é você, Roberto. Um menino-homem que está se construindo aos poucos. Que vai, paça por peça, montando sua história. Que não desiste de lutar, e deseja um dia provar do gosto de um amor de verdade... Esse sou eu.
Como já li certa vez: "sou vários, todos verdadeiros"...
Já descori há muito que te amo demais, ou melhor, que me amo demais. E esse é o prieiro passo para amar outro alguém...
Que Deus ilumine sempre o caminho.
Roberto Ney Araújo.

Elaine, parabens pelo blog, com voos de que ele lhe proporcione muitas alegrias e boas recordações. Beijo grande e gostei de ter feito parte dessa comemoração!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Vício


Não tenho destino, nem rumo certo,
Faço da madrugada o meu moinho,
Trago a face nua e o peito aberto,
Nada é tão incerto quanto o meu caminho.
Tenho dívidas pagas e outras tantas,
Acumulo flores e espinhos,
Trago na alma algumas dores,
Poucos amores e muito carinho.
Gosto de ver diferentes cores,
De olhar os verdes olhos e seus labirintos.
Mergulho lá no fundo e pesco uma luz
Que ilumina minhas curvas e meus turvos delírios,
Que aquece o meu corpo e enche de brilho,
O meu antes sombrio, hoje colorido.
Só bebo do seu veneno se a morte for ligeira,
Só encosto em sua navalha se o corte for macio,
Não tenho culpa de ser assim desse jeito,
Sou mistério, sou tantos, sou teu... vício.

Ah! O blog já completou mais de 10.000 acessos. Gostaria de agradecer a todos pelas palavras de carinho, de incentivo e pelos bons momentos que este blog tem me proporcionado. É muito bom dividir um pouco do muito de mim com vocês...

Beijo pra quem é de beijo!
Abraço pra quem é de abraço!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Ponto de Vista


Pode me chamar de inconsequente,
Eu não ligo.
Para seus gritos ilibados,
Basta eu assoprar meu apito.
Pode me bater na cara,
Experimente.
Tenho palavras amoladas,
E pernas, e unhas e dentes.
Pode esticar para mim seu dedo teso,
E se esconder em sua couraça de preconceitos,
Eu viajo, eu amo, eu brinco,
Eu vivo a vida do meu jeito.
Pode me chamar de conformista,
De anarquista, de bicha ou de machista,
Pois o que você acredita ser seu óbvio,
Para mim é só mais um ponto de vista.

Beijo pra quem é de beijo.
Abraço pra quem é de abraço.
Obrigado pela leitura e, por favor, deixe seu recado. Sou uma pessoa carente por palavras... (:

domingo, 16 de agosto de 2009

Sobre o amor e outras guerras


Seus olhares me desmontam,
Queria ter dito, ter feito,
Mas teus ventos arrastam minhas palavras,
Admiro tua coragem,
Amo tua destreza,
Mas odeio tuas horas tolas,
Teus monólogos sem delicadeza,
Me perco na imensidão das tuas idéias,
Me desmancho diante de tua fortaleza,
Mas naufrago nas tuas fortes correntezas,
E me afogo em minhas lágrimas de incertezas,
Ès meu estandarte, minha búlssola biruta,
És meu chocolate, minha inconstante dúvida,
Tuas respostas me decifram como um manual,
Tuas perguntas me devoram como uma esfinge,
Muitos quilômetros e um labirinto
Nos separam,
E nos perdemos um do outro o tempo todo,
Nosso sangue se derrama gota a gota,
Nossa boca vai secando pouco a pouco.
Mas nosso sonho se mantém aceso,
E é nessa chama que aquecemos nosso corpo...

Ainda vou aprender a dizer que te amo.
Por enquanto, as ondas vão apagando minhs pegadas
Que acompanham os longos passos
Na tua sinuosa estrada.

Essa é uma homenagem a alguém que eu amo. A alguém que sabe do meu incomensurável amor. A alguém que me dá medo e ternura, lucidez e loucura, paradigmas e distância.
Alguém cujo sangue se mistura em minhas veias. Alguém como eu. Com defeitos e virtudes. Com fraquezas e glórias. Alguém que me fez sofrer algumas vezes, mas que, acima de tudo, me faz seguir sempre de cabeça erguida.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Desalinho


Sou apenas mais um
Entre tantos na multidão,
Mais um a observar as meninas
E as esquinas de contradição.

Sou um mais a procurar nas janelas
Possibiidades ao invés de nãos,
Mais um a esperar por um amor,
Que se perdeu na contramão.

Sou somente mais algum entre tantos,
Entre tontos outros irmãos,
Mais um a pagar uns trocados,
Para trepar com a dama da solidão.

Sou eu, sou apenas mais eu,
Mais um entre tantos eus em vão,
No vagão de um trem em desalinho,
Numa linha sem nenhuma inspiração.

Eu sou alguem do além,
Mais além que o mar e o sertão,
Talvez um andarilho sem porém,
Na bagagem muita vida e pouco pão.

Eu mesmo, sou eu, e você quem é?
Minhas máscaras já rolaram pelo chão,
Trago a face escancarada e o peito,
Não tem jeito, tenho medo de ser não.

Sou somente a semente do futuro,
E só mente a mente sem compaixão,
Sou mais um que de cima de um muro,
Vê mais luz do que suporta a escuridão.

Beijo pra quem é de beijo. Abraço pra quem é de abraço!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Diferente



" de perto ninguém é normal..." (Vaca Profana - Caetano)

Há tempo que eu venho querendo encarar o meu rosto,
Dizer-me impropérios sinceros, chamar-me de louco.
Mas fico esquivando atroz do meu eu eloqüente,
Querendo mostrar que é igual ser tão diferente.

Daí escancaro as janelas da leve minh ´alma,
E abraço meu eu com fervor, minha boca escancara,
Me beijo, me arranho, me digo palavras marcadas,
E deixo caírem sem graça todas as máscaras.

Descubro o profundo e o escuro de ser pelo avesso,
Mas que toda dor desemboca em um recomeço,
E aceito que o mundo é melhor se for desse jeito,
Transformo as doces esquinas em meu endereço.

Me perco em estrofes famintas do pão do sossego,
Me afogo em olhares fugazes, em bocas, em peitos.
Já não me esquivo e nem fujo do eu eloqüente,
Pois sei que eu me igualo a você porque sou diferente.

Roberto Ney O. Araújo Júnior

P.S.: Essa é um músico-poema de minha autoria que está na minha lista VIP de preferidos... (:

Como diria uma querida amiga : beijo pra quem é de beijo e abraço pra quem é de abraço... (by Mariana Sales.)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Assim é a vida...


Bela como a poesia,
Delicada como uma flor,
Perigosa como um abismo,
Livre como um condor,
Simples como uma galinha,
Complexa como um ovo,
Sutil como uma borboleta,
Espantosa como um polvo,
Inerte como um poste,
Saborosa como uma maçã,
Deliciosa como um brigadeiro,
Saltitante como uma rã,
Inóspita como o deserto,
Aconchegante como um ninho,
Longe e ao mesmo tempo perto,
Do fim, do caminho,
Tão diferente do início,
Inópia e com fome,
Tentadora como o precipício,
Difícil como a mente do homem,
Cheirosa como um perfume,
Fétida como um pântano,
Acesa como um vaga-lume,
Feia como um dia nublado,
Intrigante como um espelho,
Apagada como um farol queimado,
Rápida como um coelho,
Incessante como a saudade,
Despetalada como a grande-flor cidade,
Espelndorosa como a liberdade,
Solitária como uma prisão,
Complicada como dizer não,
Exuberante como um pavão,
Devastadora como um canhão,
Confortante como um caixão,
Impiedosa como o tempo,
Ardente como uma paixão,
É como uma folha ao vento
Arrastada sem direção,
Duvidosa como dois caminhos,
Amedrontadora como o escuro,
Lírica como um passarinho,
Intransponível como um grandioso muro,
Corrompida como o dinheiro,
Pura como uma criança,
Reluzente como uma estrela,
Eterna como a esperança,
Efêmera como a chama,
Bramada como o grito,
Calada como o silencio,
Mudo, aflito,
Ruidosa como um apito,
Imprudente como a guerra,
Problemática como a poluição,
Grandiosa como a terra,
Misteriosa como o mar,
Encantadora como a lua,
Sedutora como a carne
Nua, crua,
Algumas vezes inexplicável,
Outras, sem nexo,
Sensível como um abraço,
Prazerosa como o sexo,
Traiçoeira como um punhal,
Sorrateira como uma serpente,
Homicida sentimental,
Adolescente,
Simbólica como um sorriso,
Conselheira como um amigo,
Preciosa como a amizade,
Radiante como o brilho,
Límpida como a água,
Cega como o ódio,
Triste como a mágoa,
Almejada como o pódio,
Precípua como o alimento
Que nos garante o sustento,
É como o medo que apavora
E faz da vida um tormento,
Agitada como uma balada,
Trágica como o sofrimento,
Impensada como uma trepada
Rápida, sem sentimento,
Opressora como uma cela,
Perversa como a corrente,
Magnífica como a natureza,
Devorada pelas cidades vazias
Que corroem os sonhos,
A vida é grotesca como o cemitério,
É predestinada como o túmulo,
Imperceptível como as almas
Que vagam pelo mundo,
Salgada como uma lágrima,
Irresponsável como um cão vagabundo,
Subitânea como a sorte,
Amarga como a dor,
Inexorável como a morte,
Sublime como o amor.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Palavras horizontais


Dorme derme, dorme,
Repousa no meu corpo
Até calejar,
Até se juntar
À minha pele,
Morde, invade,
Derrama teu suor,
Apele,
Acorda e me devora,
De leve,
Até que eu me acostume,
É breve,
Depois acelere,
Atreve,
Devora-me louca,
Não negue,
Entrega-te toda,
Penetre,
No céu da minha boca,
Disperse,
Extraia até a última gota,
Eleve-se.

P.S.: um feliz dia dos namorados a todos e, para os solteiros, um dia repleto de possibilidades...
Abraços!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Dicotomias


"Eu quero é que esse canto torto
Feito faca, corte a carne de vocês." (Belchior)

Pelas ruas esburacadas
Corre o esgoto a céu aberto
E em meio às casinhas de taipa,
Vivem os homens e os insetos.

Lá no fundo ecoa o lamento,
De uma mãe o choro aflito,
Acabara de morrer seu filho desnutrido,
Mais um ser perdeu seu alento.

A mulher segura no colo
A criança com a barriga galdia,
Clamando um prato de comida,
Mas a panela continua vazia.

E enquanto o pobre homem luta
Para ser habitante de sua própria cidade,
O outro homem nem o percebe,
Pois está atolado na mediocridade.

A cidade com duas faces,
Uma sadia e outra com pus,
Separadas por algumas passadas,
Que se transformam em anos luz.

O menino vive na rua,
Sem lar, sem educação,
Você vê, mas não enxerga,
Pois está inundada de egoísmo
E tem medo do pobre coitado,
Aquele menino, antes indefeso,
Mas que precisa sobreviver, como?
A solução é a sua bolsa
Daquela grife de Milão,
A mãozinha segurando a arma
Para com ela comprar seu pão,
Mas eu não posso reclamar
Nem você e nem a moça,
Pois a criança que era indefesa
Não tinha outra solução,
E teve que usar a arma
Que colocamos em sua mão.

Mas aquele homem também luta
Para ser habitante de sua cidade,
Ser um cidadão brasileiro,
Conquistar sua dignidade.

Contudo, seu grito é abafado,
Ou mesmo ignorado,
Por aqueles que têm o poder
E podem falar mais alto.

O menino que você repudiou
E a sociedade deixou de lado,
Hoje ele te roubou,
Mas quem é o verdadeiro culpado?

P.S.: Dedico este poema a todos os que, como eu, são apaixonados pela arte da poesia. Poesia é amor, é dor, é esperença, é revolta, é lembrança, é nostalgia, é tristeza e alegria. Poesia é isso tudo. "Ilumina a noite. Incendeia o dia."...

Grande abraço a todos!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Flores horizontais ( biografias horizontais V)


Todas as tardes ao pôr do sol
Apareciam na janela
As murchas flores da noite.
Ora de uma palidez sorumbática,
Ora de um pretume sombrio,
Mas sempre despetaladas e apáticas,
Eram talos de espinhos cuja rosa se perdera,
Restando uma tenra lembrança
Perceptível nos olhares profundos e lânguidos.
As janelas eram iluminadas pelos néons
E pelo brilho gelado dos rostos lustrosos.
De longe, via-se os contornos disformes
Das putas inverossímeis,
Amantes mal amadas das frias madrugadas,
Peitos e pernas perambulantes nas calçadas,
Mulheres da vida ( nada fácil )
Que sonham e sofrem como qualquer outra.
Que levam bofetadas da sorte e são espancadas pelo tempo.
Que são marcadas a ferro pelos currais do mundo.
Mas não desistem de lutar.
Mas não desistem de amar.
Pois são mulheres, acima de tudo.


P.S.: A imagem acima é de um Artista Plástico chamado Saulo Mota. Quem se interessar em conehcer melhor seu trabalho é só acessar o blog: http://saulomotaartistaplastico.blogspot.com/.

Grande abraço a todos os meus leitores.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Quotidiano adolescente


Durmo
Sonho, acordo, mijo, volto,
Deito, rolo, e fecho os olhos,
Viro, desço, e então levanto,
Lavo, escovo, enxugo e pronto!
Visto, calço, saio e ando.
Subo, desço, chego e entro,
Oi! Bom dia! Como vai? Que saco!!
Falo, finjo e então me sento,
Olho, olho e não entendo,
Mas Matemática é assim mesmo,
Beijo, faço, como e bebo,
Volto, sento e revejo,
Novamente não entendo,
Mas a vida é assim mesmo.
Então sigo estudando,
Falando, fingindo, andando,
Jogo carta, jogo bola, jogo fora,
Fumo tudo, bebo tudo, papo óstia,
Às vezes rezo, às vezes trepo, às vezes pago,
Vivo sem grana, vivo sem drama, vivo sem saco,
Casa-escola-rua-trabalho,
E assim meu dia vai por alto,
Chefe chato, professor pentelho, namorada neurótica,
Não tenho sossego.
Desce o sol, sobe a lua
Casa-rua, quem sabe a minha, ou talvez a sua?
Vou pra zona, vou à tona, vou pra balada,
Beijo, brigo e levo porrada,
Beijo, bato, só dou mancada,
Mas adolescência é isso mesmo,
Imprevisivelmente inexplicável.
Boto mercúrio, boto band-aid e volto pra dança,
Bebo, beijo, afinal a noite é uma criança,
Pego uma gata, levo pra casa e faço a festa,
Durmo...
Acordo sozinho, cabeça estourando e o olho inchado,
Boto um óculos, disfarço a pancada e vou pro trabalho,
Vai começar tudo de novo, que C... .

Grande abraço aos meus leitores e amigos!
Voltem sempre, a casa é de vocês...

domingo, 3 de maio de 2009

Música


Cada silêncio em teu olhar
Penetra na veia como harmônico som,
Teus dedos percorrem toda extremidade,
Tentando extrair de mim cada tom,
Tua boca me devora os acordes,
Revelando teu precioso dom,
Cada nota do meu corpo
É canção em tuas mãos.
Cantado por tua voz
Sou uma linda sinfonia.
Tocado por tua pele
Sou imponente violão.

Por falar em música, quem ainda não assistiu ao vídeo de Susan Boyle, eu recomendo. Eu já assiti dezenas de vezes e toda vez me emociono. Ela é exemplo de superação, de determinação e de como nós nos enganamos com nossos pré-conceitos. E, além do mais, a música é linda. Confiram!
Esse é o link para assistir ao vídeo...

http://www.youtube.com/watch?v=xRbYtxHayXo&feature=related

Ou, caso prefiram, tem uma barra do youtube na lateral do blog. Lá vocês encontram esse e outros vídeos, relacionados à música e humor...

Grande abraço!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Tempo de amor


É tempo de amor,
De dobrar os lençóis amassados,
De encher as malas de alegria
E partir para novas descobertas.
Há tempo para amar,
A busca é perene,
Os encontros são intermitentes,
Mas os rios do amor são caudalosos.
Não desista do amor.
Ele sempre dá mais uma chance,
Clareando as possibilidades.
O amor prolonga as madrugadas
Para que os amantes descubram cada pedaço,
Para que as bocas se toquem
E as pernas se enrosquem.
O amor não perdoa os inertes.
Ele empurra os indecisos em seu abismo,
A queda pode deixar arranhões,
Ou até mesmo pode ser fatal.
Isso mesmo.
O amor mata de muitas formas,
Mas uma vida sem amor
É como uma morte lenta e sofrida.
Muito mais vale morrer de amor
Do que viver sem um amor na vida.

P.S.: Gostaria de agradecer aos meus queridos leitores pelo sucesso crescente que o blog está fazendo e pelas inúmeras palavras de incentivo que estou recebendo. Eu sempre achei que meus escritos ficariam apenas nas minhas agendas... Está sendo um imenso prazer dividí-los com todos vocês.
Um grande abraço e obrigado pela visita!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Um pouco do muito de mim...


( Vi isso no blog de uma colega da blogsfera e achei uma forma interessante e descontraída de me apresentar aos meus leitores. A idéia é tentar descrever suas características em 100 tópicos. Então, lá vai...)

1. Sou apaixonado por música, sempre estou escutando e gosto de tudo um pouco;
2. Mudo de opinião muito rápido sobre muita coisa;
3. Eu também adoro cantar, mas estou quase chegando à conclusão de que devo me contentar com o chuveiro (: ;
4. Adoro os livros de Saramago;
5. Dei meu primeiro beijo com 11 anos e lembro até hoje do gosto;
6. Demorei algum tempo até dar o segundo ( não lembro quanto, mas foi um bom tempo, hehe!);
7. Tenho medo de altura, mas hoje já consigo controlar um pouco;
8. Acho que expresso melhor meus sentimentos escrevendo do que falando;
9. Embora não pareça, eu sou muito tímido em várias circunstâncias;
10. Odeio ouvir um não;
11. Talvez por isso tenha tanta dificuldade em dizê-lo;
12. E talvez por isso acabe fazendo tanta coisa que não queria fazer;
13. Antes de fazer direito, queria ser médico;
14. Gostaria muito de ir a um show do Ney Matogrosso;
15. Não gosto de olhar as pessoas nos olhos, mas nunca descobri bem o motivo;
16. Mas gosto de deixar sempre um olhar oblíquo, acho que assim me sinto mais seguro;
17. Adoro conhecer novas pessoas;
18. Alguns amigos dizem que eu quero dar atenção a várias pessoas ao mesmo tempo e acabo sendo displicente com todo mundo;
19. Acho que eles têm razão, ao menos um pouco;
20. Aprendi a andar de moto com 12 anos;
21. Adoro sentir o vento no rosto e cantar bem alto enquanto estou pilotando;
22. Odeio andar em garupa de moto, fico extremamente tenso;
23. Adoro ler frases soltas, tipo essas de rodapé de agenda;
24. Já colecionei cartão telefônico, na verdade tenho até hoje, mas parei de procurar mais;
25. Tenho muita vontade de ter um filho (a);
26. Comecei a beber com 18 anos, antes disso eu odiava qualquer bebida alcoólica;
27. Já embebedei algumas ( poucas ) vezes e já paguei alguns ( muitos) micos por causa disso;
28. Aliás, eu sou mestre em pagar mico (admito!);
29. Os únicos animais que me metem medo são tubarão e gafanhoto;
30. Às vezes acho que nasci na época errada;
31. Sou extremamente consumista, inclusive estou me esforçando para melhorar;
32. Comecei a falar com 7 meses, comecei a andar com 10 meses, terminei a escola com 15 anos e me tornei advogado aos 21 anos;
33. E continuo não achando isso grande coisa;
34. Quando ouvi “ vaca profana” de Caetano pela primeira vez , foi amor a primeira vista;
35. Sou viciado em pizza de qualquer sabor;
36. Também sou viciado em um pastel de tofu com brócolis de uma pastelaria vegetariana perto aqui de casa;
37. Meu maior sonho é viajar de mochilão pelo mundo;
38. Adoro lugares alternativos;
39. Odeio ter que usar terno para ir ao fórum Rui Barbosa;
40. Tem horas que gostaria de jogar meu celular pela janela;
41. Tem horas que tenho a impressão de que não consigo mais viver sem ele;
42. Não gosto de brigar;
43. Sou apaixonado pelo carnaval de Salvador;
44. Aliás, eu sou apaixonado por quase tudo em Salvador ( moro aqui desde os 13 anos);
45. Tenho dois irmãos ( Guilherme e Gustavo) e uma irmã por parte de pai ( Rosana);
46. Se pudesse escolher meus pais, com certeza escolheria os que tenho;
47. Escrevo mais quando estou triste;
48. Gosto de experimentar coisas novas;
49. Aliás, eu já experimentei muita coisa nessa vida;
50. Ainda não aprendi a lidar muito bem com críticas;
51. Exceto na infância e pré- adolescência, sempre tive mais amigas que amigos;
52. Sempre me dei muito bem com as mulheres, mas preservo até hoje alguns poucos e bons amigos;
53. Não gosto de ficar pelado dentro de casa, mesmo quando estou sozinho;
54. Não uso mictório de banheiro;
55. Odeio cagar fora de casa, e, quando acontece, tenho que forrar milimétricamente toda a tampa do vaso com papel;
56. Desligo as bocas do fogão umas 10 vezes antes de dormir;
57. Eu já tive caxumba, catapora, coqueluche, rubéola, hepatite, dengue, etc, sem falar nas milhares de quedas, cortes, fraturas, etc, etc,e tc ( hehehehheheheheheh);
58. Sempre que me perguntam algo eu respondo: “o que?”, e antes que a pessoa termine de repetir eu já estou respondendo;
59. A primeira medalha que ganhei foi no Tae Kwon Do, em 2008;
60. Queria ser um dos x-mans;
61. Sou muito mais ingênuo do que gostaria de ser;
62. Sou apaixonado pela voz de Maria Bethania;
63. Me emociono toda vez que escuto Ricky Vallen cantando “ no dia em que eu saí de casa” ( aquela música do Zezé di Camargo e Luciano);
64. Eu gosto de escutar arrocha;
65. Adoro assistir filme e sempre acho que o último que eu vi foi o melhor de toda a minha vida;
66. Eu chorei quando terminei de ler “ água para elefantes” de Sara Gruen;
67. Ando com os dedos dos pés dobrados para dentro, pois eles são muito grandes;
68. Já levei muita cantada de homem na rua;
69. Eu amo os filmes do Almodóvar, em especial, Má Educação e Volver;
70. Já fiquei por horas a fio diante de um quadro de Salvador Dalí;
71. Adoro andar a cavalo, mas sempre com alguém do meu lado;
72. Gosto de ficar em contato com a natureza, mas me sinto mais a vontade em uma grande metrópole que em uma fazenda;
73. Eu já me apaixonei por várias pessoas ao mesmo tempo e depois descobri que não amava ninguém;
74. Adoro a liberdade de estar solteiro, mas tenho medo de envelhecer sozinho;
75. Não gosto muito de falar sobre meus sentimentos, talvez por isso eu goste tanto de escrever sobre eles;
76. Tenho dificuldade em falar “eu te amo”, mas já falei algumas vezes;
77. Eu nunca acordo de mau humor;
78. Quando faz muito calor eu fico profundamente irritado, há menos que esteja de sunga e, na praia;
79. Quando faz muito frio, normalmente eu tenho crise alérgica ou de garganta;
80. Odeio pegar ônibus ( e será que alguém gosta??);
81. Eu conto meus planos para todo mundo, mesmo quando eles ainda são meras remotas possibilidades;
82. Não gosto de guardar segredo, mas se precisar, eu até me esforço;
83. Não gosto de escrever meus textos no computador, tenho mis inspiração com um papel e uma caneta;
84. Sempre tive vontade de voar;
85. Sempre que assisto algum filme de super-herói, saio do cinema achando que tenho algum super poder;
86. Tenho medo de perder as pessoas que amo;
87. Já pensei em mudar muita coisa em mim, mas hoje me sinto bem diante do espelho, diria até que sou meu fã número 1;
88. Releio meus textos milhões de vezes e toda vez me emociono;
89. Adoro aprender outros idiomas e conhecer sobre outros estilos de vida, outras culturas;
90. Eu procuro respeitar tudo e adoro conhecer pontos de vista diferentes dos meus;
91. Se pudesse eu estaria sempre viajando, mas viajo sempre que posso;
92. Às vezes tenho vontade de jogar tudo pro alto e viver na “sociedade alternativa” de Raulzito;
93. Por falar nele, eu amo as músicas do Raul Seixas ( herdei esse bom gosto do meu pai que também é fã);
94. Eu dou risada de tudo e, nos lugares mais inapropriados, eu tenho crise compulsiva de riso, é incontrolável mesmo;
95. Teve uma vez que eu sonhei que estava esperando um filho e, quando acordei, o sonho era tão real que fiquei pensando que realmente podia ser verdade ( hehehehe);
96. Gosto de comer quase tudo, menos mocotó e algumas poucas outras coisas;
97. Adoro tomar banho de chuva, um dia ainda vou dançar na chuva e tirar toda a roupa ( tem que ser exatamente nessa sequência);
98. Quando era mais novo, já pensei em fugir de casa várias vezes, mas depois via que não tinha motivo nenhum;
99. Quando era criança eu gostava de comer as pontinhas das folhas dos cadernos ( é, eu comia papel);
100. Eu odeio objetividade, gosto de fazer mil arrodeios para contar alguma coisa...

Qualquer forma de descrever uma pessoa é limitá-la. Nesses 100 tópicos dá para ter uma leve noção de como eu sou e do que eu gosto. Agora tentar me descrever ou me conhecer por completo eu diria que será uma tarefa árdua. Quem conseguir, por favor me avise, pois esse tem sido o objetivo de tods esses 22 anos de existência: conhecer-me por completo!
Grande abraço a todos!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Belle michê ( Biografias Horizontais IV)


Visto de longe, parecia mais um cara desses que só alcançam uma ereção completa quando levantam um peso exorbitante no supino. Mas, visto de perto, tinha-se a certeza. Alto, moreno, corpão sarado, enfim, todos os dotes corporais almejados por uma multidão de mulheres – ou não – afoitas por uma louca noite de sexo ardente e selvagem. Logo que começou a fazer programa, ele estava disposto a atender somente mulheres, ou, no máximo, casais modernos e descontraídos. Era tudo um grande barato. Começou a freqüentar lugares caros, comprou um carro 0 km e fumava um baseado às vezes – mas só de leve. Certo dia, ele recebeu uma proposta tentadora e aceitou sem pestanejar. Um empresário casado de caráter reto e reputação ilibada o havia convidado a satisfazer seus desejos mais ocultos – ou, talvez, nem tanto. Enquanto não chegava a hora do encontro, ele se perguntava o quão infeliz devia ser aquele cara. Escondia-se de todos e, principalmente, de si mesmo. Encontraram-se em um bom motel da cidade e, para sua surpresa, foi uma experiência surpreendente. Houve apenas sexo. De um modo inesperadamente intenso, mas nada mais que sexo. A única palavra que fora ouvida em meio a alguns gemidos foi “ belle michê”. Algum tempo depois, o cliente se vestiu de forma automática e compenetrada, tão rápida quanto se havia despido, deixando transparecer a habitualidade da conduta. O rapaz ficou mais um tempo na cama, totalmente sem roupa e despido de muitos pudores. Ele sabia que podia ser muito mais do que um garoto em busca de dinheiro. Ao contrário do que esperava viu que aquele homem no quarto também não era por inteiro. Tampouco teve espasmos de felicidade por finamente, estar supostamente mostrando sua verdadeira face. Percebeu que a máscara do ator pode ser, na verdade, um molde harmônico de sua aparência. E que sua face nua pode ser o reflexo de uma máscara invisível. Acabava de sair daquele quarto de motel um garoto decidido a enfrentar todas as suas batalhas. Deixava seu passado ignoto para mergulhar no profundo abismo do futuro. Mesmo sem as dores do parto, nascera naquele momento o belle michê. Olhos gigantes e lábios famélicos lambuzados de um instigante porvir.

P.S.: antes que alguém pergunte, ou não, gostaria de ressaltar que não se trata de um texto autobiográfico (: .
Faz parte de um conjunto de crônicas e poesias de minha autoria, chamados "biografias horizontais"...
Para quem tiver interesse, nas postagens mais antigas, têm também as biografias I, II e III.
Grande abraço aos meus leitores e amigos.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Sou o teu mar


O vento leste sopra forte,
Teus cabelos soltos a voar,
Como embarcação entregue à sorte,
Afunde em mim, sou o teu mar.

A bússola do teu destino diz o meu norte,
Teus olhos me guiam como o luar,
Tal qual espada de certeiro corte,
Adentre em mim, sou o teu mar.

Imponentes falésias com sua arte,
Não me prendem mais que o teu olhar,
Como sereia na calada da noite,
Meu canto te chama, sou o teu mar.

Ondas se elevam em grande porte,
Só para ver você passar,
Como um satélite que explora Marte,
Descubra-me, sou o teu mar.

Eu me entrego em cada porto sempre pronto para amar-te,
Já que a vida fez de ti marinheiro sem lar,
Como um sábio pescador que não tem medo da morte,
Mergulhe em mim, sou o teu mar.

Grande abraço a todos!!

sábado, 7 de março de 2009

Casaco de pele


Não entendo por que me negas teu olhar.
Não vês que eu me despi das minhas mentiras?
Não sei por que insiste em me negar teu sorriso,
Se minha boca escancarada devora cada pensamento teu.
Quero ouvir tuas palavras horizontais
E sentir meu corpo sangrar com tuas doces mordidas.
Sofreria bem mais sem tua boca macia.
Sangraria bem mais sem tua leve alegria.
Quero fazer da tua pele a minha fantasia,
Cobrir-me por inteiro,
Vestir-me dos pés à cabeça,
E nunca mais sentir frio.
E nunca mais sentir mais nada,
Sem ti
Em mim.

Grande abraço aos meus leitores tão especiais...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Dizeres sinceros


Há pouco mais de dois meses resolvi criar o blog e tenho me surpreendido de forma inesperada. Até pouco tempo, não tinha muita paciência para blogs e, embora já escreva há um bom tempo ( cerca de dez anos), nunca tinha pensado em fazer o meu. Depois que o fiz fui, dia após dia, descobrindo o quanto é bom dividir meus escritos e meus sentimentos com os outros. Quando abro o blog e vejo comentários novos, vou correndo para ler. E tenho tido surpresas muito agradáveis ao percorrer esse mundo da blogsfera. Já conheci muita gente bacana, estou lendo textos incríveis de escritores que nem sequer sabia da existência. Divulgo o blog para todos os amigos com um orgulho paternal. Um dia desses, perguntei a um colega de trabalho se ele já havia acessado meu blog e ele disse que já, mas que não fazia muito seu estilo. Observando meu ar de desapontado, ele tentou contornar a situação dizendo “calma, ninguém pode agradar todo mundo mesmo e, eu prefiro blogs de humor, não gosto de textos muito complexos”. Enfim, esse comentário me marcou, pois foi a primeira crítica que recebi em relação ao blog. Agradar a todos é algo que, definitivamente, não quero. Mas não pude deixar de refletir sobre os elogios que recebo. Sempre observei que as pessoas, de um modo geral, têm um insistente receio de dizerem a verdade. É deveras compreensível, na medida em que queremos preservar a quem gostamos das frustrações e de possíveis decepções. Mas uma hora alguém com certeza vai dizer o que você relutou em falar. Cada ser é único. Isso nos torna diferentes e, ao mesmo tempo, nos aproxima. São as diferenças que fazem com que sejamos, no fundo, todos iguais. Dessa forma, sintam-se a vontade para exprimirem suas mais sinceras opiniões. Quando criei o blog, me propus a fazer deste espaço um vórtice literário, um verdadeiro turbilhão de palavras, com poesia, crônica, contos, estórias, devaneios, enfim, tudo o que pode ser feito com uma caneta e um papel. Escrever deixa a alma leve e oxigena a mente. Faz com que nossa criatividade se ramifique de forma incomensurável.

Grande abraço a todos! (:

E esse é o selo que recebi, com muito orgulho, do Dr. Emerson Reis (http://mersonreis.blogspot.com/). Trata-se do "manifesto jovens que pensam", que visa "Mostrar que aquela história de que a juventude está perdida é uma generalização tola e sem sentido.", como ressalta a autora do manifesto.


E o manifesto vai para:

http://devaneiosdeamelie.blogspot.com/
http://sempreargaios.blogspot.com/
http://pensamanzas.blogspot.com/
http://novasamenidades.blogspot.com/
http://paradoxofeminino.blogspot.com/
http://vivaspalavras.blogspot.com/
http://mocadofio.blogspot.com/
http://mocadofio.blogspot.com/
http://nameiuca.blogspot.com/
http://pequen4prendiz.blogspot.com/

essas são as regras que os indicados deverão seguir:

1º~ Exiba a imagem do Manifesto e explique do que se trata

2º~ Poste o link do blog que te indicou

3º~ Indique 10 blogs de sua preferência para fazer parte dos 'Jovens que Pensam'

4º~ Avise seus indicados

5 º~ Publique as regras

6º~ Confira se os blogs indicados repassaram a imagem e as regras!

Pronto! Você já faz parte deste Manifesto!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Memórias de um defunto traído


Quando tu fostes rosa
Eu fui teu beija-flor,
Quando fostes melodia
Eu fui o teu cantor,
Quando chorastes sozinha
Também eu senti dor,
Nas tuas noites ardentes
Meu corpo também queimou,
Quando sentistes frio
Meu corpo te esquentou,
Quando o escuro te escondia
Minha luz te clareou,
E nos teus dias de glória
Testemunhei o teu esplendor,
Para ti dei minha alma,
Dei meu sangue, meu calor,
Fui para ti um eunuco,
Um escudo protetor,
E agora que eu morri
Você corre e sorri
Nos braços de outro amor?
As palavras que me dizia,
Dizes a ele com furor,
E até deixaste o pobre coitado
Beber todo o meu licor?
E na cama ele te toma
Com ainda mais furor,
E tu, nobre sem vergonha,
Entrega-te a ele com desejo,
Pois perdeste todo o pejo,
E esqueceste que a tua vida
Ficou presa em um caixão,
Mas agora a quero de volta
Com juros e correção,
Mesmo sórdida e pecaminosa
E mergulhada na podridão,
Quero de volta a minha vida
Para camuflar a ferida
Aberta em meu coração.


Inicialmente, gostaria de agradecer aos vários selos que tenho recebido. Fico feliz que meu blog esteja agrandando a tantas pessoas. Aos poucos, irei publicando todos os selos recebidos.
O selo abaixo eu recebi do blog http://cantodoescritor.blogspot.com/. O blog é muito interessante, vale a pena conferir...
E os cinco blogs que eu indico são:

http://sempreargaios.blogspot.com/
http://nameiuca.blogspot.com/
http://devaneiosdeamelie.blogspot.com/
http://soseforinesquecivel.blogspot.com/
http://mersonreis.blogspot.com/


O selo "Gostei do que li" visa incentivar blogs/sites de conteúdo originais/pessoais, que tragam conhecimento ou que simplesmente divulguem a arte da escrita, gráficas, entre outras. A ideia principal é estimular a escrita e a leitura de blogs que se encaixam neste modelo.

Para outros blogs premiados com a idéia: coloque todos os ganhadores. E por favor sigam as regras:
1. Exiba a imagem do selo “Gostei do que li” que você acabou de ganhar;
2. Poste o link do blog que te indicou;
3. Indique 5 blogs/sites de sua preferência;
4. Avise seus indicados;
5. Publique as regras e atuais ganhadores;
6. Confime o recebimento do selo, avise quem lhe deu, poste todos os atuais ganhadores, deixe um e-mail para contato e avise sobre todos os seus indicados em "Gostei do que li."

Ns próximas postagens irei publicando os demais, mas, desde já, gostaría de agradecer à Daniela do blog " um universo de idéias", ao Dr. Emerson do blog "dr. emerson reis" e à Bia do blog " paradoxal".

Abraços a todos! (:

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Bahia de São Salvador


Na cidade da Baía de Todos os Santos, todo mundo é de Oxum. Terra do verão sem fim e do sol castigando o juízo até o corpo bronzear. Sol que é festejado no Porto da Barra diariamente, com a pompa que todo rei merece.
Terra da alegria e do riso fácil. Das ladeiras intermináveis e das curvas morenas. Terra onde as cores se misturam. Onde no ardor dos corpos, branco e preto se confundem. Aqui todas as línguas são faladas. Terra de poliglotas, onde a malandragem dá o tempero às relações, tal como a pimenta ao acarajé.
Lugar onde a fé se eleva. Terra de um só Deus, mas de vários pontos de vista. Cidade do baiano. Do soteropolitano solteiro em Salvador. Terra do axé e de novos baianos. Da malemolência de Dorival e de Caetano. Terra de artistas. Terra de esquinas.
Lugar de gente que trabalha duro, que discute, que refuta. Terra da roda de amigos e de praias pra todo gosto. Terra dos tambores coloridos e do gingado faceiro da capoeira. Lar do Senhor do Bonfim e de Yemanjá. Cidade de ventos tranqüilos e dos coqueiros de Itapoã. Terra do antes e depois de fevereiro. Que se despe dos pudores e se enfeita para o carnaval. Terra da mulata que sacode as tranças e da preta que requebra os murundus. Lugar de protuberâncias e de reticências...
E onde quer que eu esteja nesse mundão de meu Deus, sempre terei o meu porto seguro. O meu cais de águas límpidas. Minha cidade de São Salvador.

“ I don´t want to stay here, I want to go back to Bahia.” ( Paulo Diniz)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Quebra-cabeça



Peça por peça
Vou tentando
Montar o que a vida
Andou desmontando.

Peça por peça
Vou desfazendo
Aquilo que a vida
Andou me aprontando.

Peça por peça
Fui construindo
As várias imagens
Que andei usando.

Peça por peça
Fui amontoando
As velhas imagens
Que foram estragando.

Peça por peça
Fui tentando mostrar
Que eu queria sorrir
Quando estava chorando.
Que eu queria sentir
O que estava guardando.
Que eu queria escrever
O que estava apagando.

Peça por peça
Uma a uma encaixando,
Usando algumas,
Outras descartando.
Pois na vida temos que abrir mão
De momentos, de sonhos.
O que vai são apenas peças,
O que fica são apenas lembranças,
Que remontam em nossa memória
O quebra-cabeça de nossas andanças.

P.S.: gostaria de agradecer a todos os que têm contribuído com o blog, seja simplesmente lendo os textos, seja escrevendo belas palavras... Ontem comemoramos a marca dos 1.000 acessos. Há cerca de um mês e meio atrás, inspirado pela iniciativa de um amigo (jotapê), resolvi também criar um blog para compartilhar minhas palavras e criar uma desculpa para voltar a escrever ( em razão do término da faculdade e a correria do início da carreira jurídica, estava escrevedo muito pouco). Enfim, muito mais do que isso, o blog têm me proporcionado muitos momentos de alegria, pois, além dos elogios, das palavras de carinho e das amizades, tenho tido gratas surpresas ao visitar outros blogs por esse "mundo de pontas" da internet. Tenham a certeza que eu me esforçarei para que vocês tenham sempre uma boa leitura ao visitar o blog e, parafraseando a atriz Valéria na peça "Ematomablues" " Para aqueles que gostaram, recomendem aos amigos. E, para os que não gostaram, recomendem aos inimigos". Sejam sempre muito bem vindos(as)! Grande abraço

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O caçador de sóis


Eu procuro em todos os lugares a luz mais brilhante. Procuro em cada abismo de mim algo que doure minha pálida alma. Sempre que avisto um vulto no horizonte, corro para ver se encontro o que tanto busco. Sou um caçador de sóis. Minha existência é inteiramente para essa exaustiva busca. Procuro no mais distante de cada olhar essa forte luz que me resgate da penumbra. Viajo pelo mundo. Em cada canto descubro novas cores. Espere, olhe ali adiante. Que fluorescência é aquela que me ofusca os olhos? Está vendo? Chegue mais perto. E agora? Cheguei a pensar que finalmente havia encontrado (me). Amarga ilusão, o que avistamos nada mais era que os neons dos cabarés da Rue de Berne. E assim segui minha sina, caçando sóis por toda parte. Até que finalmente, após mais uma noite de trégua, acordei com um par de asas velozes e precisas como as de um condor. Voei, voei e fui chegando bem pertinho de um sol. Finalmente tudo começou a fazer sentido. Minha vida passou diante de meus olhos como um filme e pensei comigo: “ cada ser esconde no mais profundo de si os seus "eus". Alguns vão mostrando aos poucos, outros escancaram suas pseudo aparências, acreditando que assim estarão sendo verdadeiros. Quanta tolice! Ninguém é por completo e ninguém pode se esconder para sempre. Alguns resguardam-se em um mundo indefectível e mergulham no doce abismo da ilusão. Outros querem fumar todos os cigarros do mundo e abrirem as pernas - ou os braços - para o desconhecido. Na verdade, a única certeza é que todos eles serão um eterno porvir.” De repente, tomado por um calor descomunal, senti minha carne se esvairindo como uma madeira tornada carvão. Vivi em uma constante busca por respostas ininteligíveis e, a cada questionamento, descobri que só existem meias verdades. Por isso eu te digo com a nobreza de um desafortunado: não sejas caçador de sóis, pois, se procurares por muito tempo, acabarás encontrando o que desejas, mas verás que tua frágil armadura não estava pronta para suportar tamanha adversidade.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Biografias Horizontais III ( A Miragem)


Amanhece. Abro os olhos e vejo repousado ao meu lado um corpo de mulher. Descoberta de suas vestes como um campo tornado deserto. Desprotegida em sua nudez como as falésias devoradas pelas ondas. Pelo teto solar do hotel vejo as últimas estrelas desabarem em massa. Suicida-se uma lágrima que desemboca no indescritível. Não consigo me lembrar de mais nada. Apenas de ter me cegado com o brilho das estrelas do céu, da sua boca. Minhas mãos não conseguem se mover.Se tocá-la, certamente descobrirei que tudo transcorreu no onírico. Nos minutos sucedentes, meu tempo petrificou. Quando a posição desconfortavelmente inerte começou a formigar meu corpo, resolvi atestar a veracidade do oásis. Minha sede começou a se tornar insaciável em meio àquele deserto de dunas acentuadas em curvas. Ao mais calmo toque das minhas mãos, ela despertou. Ficou espantada ao ver que tinha amanhecido. Levantou-se e se vestiu apressada. Antes de abrir a porta para até outro dia quem sabe, ela sorriu. As estrelas estavam ofuscadas pelos raios de sol. Logo após, retornei à órbita terrestre e saí do quarto com a carteira mais leve.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Meus Dias Engarrafados



"Soprava um vento gelado contra os vidros da janela do seu automóvel, fazendo embaçar a visão, distorcer a realidade. Nada conseguia se mover em quilômetros no abarrotar da rodovia. "
(Mulher de São Jorge - Taciano J. Mattos)

O despertador toca desafinado. Acordo aturdido com o barulho e levanto da cama. São 4:30h da madruga. Escovo os dentes e tomo uma ducha bem quente. Às 5:00 já consigo abrir os dois olhos. Tomo um improvisado café da manhã e vou para o trabalho. Saio da garagem e inicio a jornada exaustiva. Logo nos primeiros minutos já consigo observar uma fileira de carros emparelhados como peças de dominó. A impressão que tenho é que se o da frente desmontar todos os demais cairão com ele. E não é que a metáfora é verdadeira. Acidente na Av. Bonocô deixa dois mortos. Ligo o rádio. No intervalo das músicas, notícias fresquinhas de mais um dia que começa a todo vapor. Resumo da ópera: chacina nas Malvinas, assalto a banco na Pituba e um pai acusado de violentar a filha de 3 anos foi convidado ao suicídio por seus companheiros de cela. Ufa! Desligo o rádio. Meu mp3 de Jazz combina mais com a ocasião. Enquanto o carro se arrasta como um jabuti entrevado, o vidro dianteiro já foi lavado três vezes. “Ô tio, na moral aí tio, só uma moedinha”. No auge dos meus 22 anos, me sinto realmente um “tio” nessas circunstâncias. Preciso repor meu estoque de moedas. Há muito tempo não me questiono mais sobre o destino que elas terão. Comigo também não seriam lá grande coisa. Mesmo abafado pelos vidros fechados, ainda se escuta o som esquizofrênico das buzinas. Adoro ficar observando as pessoas dos carros ao lado. E o melhor é a alta rotatividade. Dá até para paquerar. Já dizia um velho e sábio amigo que se o inimigo é irremediável, ele deve ser seu melhor aliado. Pois bem. Aprendi a gostar dos engarrafamentos. Agora falta eu achar uma forma de me aliar ao meu outro grande inimigo: o despertador que me acorda as 4:30 da madruga. Vou te contar que está difícil viu!...

PS.: gostaria que vocês apresentassem sugestões para que o personagem faça as pazes com seu despertador ( ( coloquei na 1ª pessoa, mas eu - graças a Deus não tenho que acordar 4:30 h)...

abraços e boa leitura

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Questionamentos


Escuta:eu te deixo ser. Deixa-me ser,então."
Clarice Lispecktor

Não é fácil ser quem sou. Para você é fácil ser quem é? Tenho medos como qualquer outro. Tenho planos como qualquer outra. Se bem que normalmente não sonho. Minha realidade não me permite devaneios. Penso que todos sonham com flores azuis e vermelhos intensos, com uma queda no abismo ou um voo pelas falésias. Você sonha? Pelas estradas sigo meu destino. Pistas sinuosas, curvas perigosas. Já derrapei inúmeras vezes. Certa vez até peguei a contramão. Pensando bem... foram tantas as vezes. Não gosto de ser quem eu sou. Você gosta de ser quem é? Se bem que não posso reclamar. O vento costuma soprar a meu favor. Tempestades intensas me assustam. Mas é na calmaria que me entrego ao desespero. Meu porto seguro é o mar. Ancorado no cais não tenho como fugir de mim mesmo. Sou guiado ao sabor das correntes. O acaso é meu doce lar. Minhas luas têm ângulos diferentes. Em cada canto, encontro alguém para amar. É difícil entender o meu mundo. Dessa forma peço que me explique o seu. Parei a muito tempo de me fazer perguntas difíceis. Pensei que seria um eterno questionador. Grande bobagem. Quem muito pergunta, descobre que está cheio de dúvidas. E eu adoro a ilusão de que tudo sei, ao menos sobre mim. Mas, lá no fundo, sei que não sei de quase nada. Você sabe? Se não sabe por que tenta me dizer o tempo todo? Nem sei o motivo de escrever tudo isso. Sinto-me mais tranqüilo. Enfrentamos esfinges a todos os momentos. “ Decifra-me ou devoro-te”. Meus códigos são tão complexos que nem eu mesmo os decifraria. Mas têm tantas pessoas empenhadas na tarefa de descobrirem quem sou, que chego a pensar que talvez elas já saibam quem são. Senão, se não, pobres criaturas. Serão devoradas pelo tempo e verão sua existência reduzida a uma busca sem o menor sentido.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Biografias Horizontais II


Sou puta! Respondia sem pestanejar quando questionada sobre sua profissão. Isso não era nenhuma vergonha. Ela jamais roubou. Baseados eram raridades que serviam apenas para amenizar aparências hostis. O pior em trabalhar com sexo é que pessoas bonitas geralmente o conseguem de graça. Não era apenas o dinheiro que a estimulava, mas também o prazer. Um orgasmo múltiplo era sua remuneração mais desejada. Ela não era ninfomaníaca, simplesmente gostava de se sentir preenchida. Para ela, sua profissão era a mais completa de todas. Trabalhava, literalmente, com prazer. Estabelecia sua própria jornada e os honorários não eram ruins. Fazia faculdade de Direito pela manhã e, o que por sinal ela adorava, podia fazer um amplo trabalho social. Afinal de contas, indivíduos sem sexo ficam extremamente depressivos e/ ou agressivos. Ela não oferecia só sexo. Havia um poderoso divã no meio de suas pernas. Ela abria o óbvio e os homens escancaravam o mais oculto de seus sentimentos, desejos e frustrações. O sorriso dos clientes a agradava muito. Era o sinal de um trabalho bem feito e de mais um dever comprido.

“ trouxeram um trem carregado de putas inverossímeis, fêmeas babilônicas adestradas com recursos imemoriais e providas de toda espécie de ungüentos e dispositivos para estimular os inertes, despertar os tímidos, saiar os vorazes, exaltar os modestos, desenganar os múltiplos e corrigir os solitários...” ( Cem anos de solidão – Gabriel Garcia Marques).

P.S.: Esse texto é mais uma das biografias horizontais que, conforme prometido, irei publicando aos poucos no blog. Lembrando que as obras encontram-se devidamente registradas, sendo que qualquer cópia ou reprodução dependerá de prévia autorização do autor, no caso, eu... hehe!

Muito obrigado a todos os que têm me enviado scraps no Orkut, e-mails ou deixado postagens aqui no blog. Fico muito feliz que vocês estejam gostando e espero sempre contribuir para que todos tenham uma boa leitura e, conto também com a colaboração de todos. Postem aqui suas crônicas, suas poesias, seus desabafos, suas histórias, enfim, escrevam... faz bem para a mente e para a alma. Quem preferir pode enviar o texto para meu e-mail que eu publicarei com o maior prazer e, claro, identificarei devidamente o respectivo autor.
Abraços!

Roberto Ney O. Araújo Júnior
e-mail: robertoney@gmail.com

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

As borboletas de Vênus


Tendo em vista os princípios da lei da física, as borboletas de Vênus desafiam a lei da gravidade. Mesmo com suas asas pesadas, conseguem flutuar como um condor em vôo rasante. Mesmo com as cores da primavera, as borboletas de Vênus irradiam beleza. Não uma beleza que ofusca, mas uma beleza que se infere. Elas são como as entrelinhas de Clarice Lispector. As borboletas de Vênus são figuras amorfas indescritíveis aos olhos relapsos. Somente quem as observa com intensidade pode perceber a complexidade de seu conteúdo. Subentende-se. Nada é tão óbvio quanto parece nessas criaturas tão hostis e tão dóceis como a luz do luar. Corrompidas pela radioatividade tácita das metrópoles, suas máscaras coloridas escondem uma figura em preto e branco. Os falsos ilibados ficam estarrecidos com o bater esquizofrênico de suas asas, tentando chegar mais rápido, tentando voar mais alto, e observam sem piedade a sua queda fatal. Mesmo o colorido fluorescente dos seus olhos não camuflam o pretume das ruas pantanosas. É demais evidente. No chão, elas se arrastam desmilinguidas, estupefatas com os atropelamentos inevitáveis dos trânsitos. Os predadores andam sempre à espreita.
As borboletas de Vênus são devoradas elo poder inequívoco da fome. Elas são dilaceradas pelo desejo incontrolável do consumo. Nem com sua eloquência teatral elas conseguem dissipar os pusilânimes. Os idiotas é que são felizes. Suas percepções não ultrapassam suas convicções inverossímeis sobre a realidade. Mas as borboletas de Vênus são dotadas de raciocínio lógico, elas refletem sobre tudo, debatem, refutam, questionam. Não admitem o inadmissível. Não concordam com o inconcordável. E, por isso, são arrancadas do cacho como uma uva podre. São expurgadas a todo custo como uma neoplasia. Sua retórica assusta. Sua aparência constrange. E o que mais me deixa confuso é que as borboletas de Vênus só trazem uma característica excepcional. Elas são diferentes de tudo e não tentativas frustradas de cópias imperfeitas.
E você?



Aproveito a oportunidade para agradecer a todos aqueles que me fazem sorrir, pois como disse Erasmo de Rotterdam, " rir de tudo é coisa dos tontos, mas não rir de nada é coisa dos estúpidos". Então "vá mentindo a tua dor, que ao notar que tu sorris, todo mundo irá supor que és feliz...". " falei como um palhaço, mas jamais duvidei da sinceridade da platéia que sorria..." ( Charles Chaplin)


PS.: essse texto foi escrito em 31/03/2006 durente uma aula de Direito Comercial na faculdade. Dá para ter uma noção de como a aula estava interessante... pelo menos serviu para me inspirar. Quanto ao Direito Comercial... ( prefiro não comentar!!)

sábado, 3 de janeiro de 2009

biografias horizontais I


Aos 12 anos a menina conhece seu primeiro homem. Enquanto as bonecas vão desaparecendo, as ilusões vão se multiplicando. Aos 13 anos ela faz seu primeiro aborto e, junto com aquele feto, ela expulsa do seu corpo sangue e sonhos. Aos 15 anos ela chora pela morte de sua inocência. Percebe que a vida é cruél para as pessoas ingênuas. Aos 16 anos ela já teve tantos homens que até perdeu a conta e já abandonou tantos sonhos... Aos 18 anos ela se apaixona pela primeira vez. Ele promete largar a esposa e lhe jura amor eterno. Depois paga pelo serviço e vai embora como qualquer outro. Só que ela está cansada de abrir as pernas para a enrada de promessas e saída de sonhos. E assim a vida vai passando e ela completa 30 anos. Os homens já não a querem mais. A vida já não a quer mais. Após várias carteiras abertas para abrirem suas pernas, ela resolveu fechar os olhos e, dessa vez, não abrí-los jamais. Resolveu parar de sonhar, de vez.

PS.: esse texto faz parte de uma série de crônicas chamadas biografias horizontais que aos poucos irei publicar aqui no blog. E, como sempre digo, não sesintem acanhados e postem aqui seus textos também, com certeza só irá acrescentar... abraço a todos e obrigado pelos elogios que tenho recebido ( em especial a ju paiva, thais anjos, cléo anjos, taciano mattos, jotapê, helena vieira, tassia anjos, ju maria, adiane, the caires, enfim, todos os que já deram o ár da sua graça aqui...)