segunda-feira, 25 de abril de 2011

Hábito


Era uma vez o amor,
Que não resistiu a tantos anos de desencontros,
Tantos segredos lançados pela janela,
Tantas promessas vestidas pelo engano.
Alguns sorrisos camuflavam as lágrimas solitárias,
Apenas as madrugadas testemunhavam os prantos,
Foram longas conversas com palavras caladas,
Fotografias coloridas para enfeitar as molduras.
Feriam-se com dizeres tangentes e amolados,
Chupavam-se desesperados em doses homeopáticas,
Um escorado nas fraquezas do outro,
E varriam todos os cacos para debaixo da cama.
Acostumaram-se à rotina dos que esperam o povir.
Não se esforçavam para o mínimo suspiro de ousadia,
Alimentavam-se nas migalhas das noites frias,
Um com as unhas cravadas no coração do outro,
Sabotavam-se em um fluxo contínuo e louco,
E viveram por longos anos encenando suas horas,
Pernetas morimbundos que desaprenderam a andar.

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