
Eu sou fluido como o vento,
E cada esquina desse mundo me compõe.
Tantos sorrisos, cigarros e tentações,
Universos de desencontros e nenhum deles é o meu.
Eu sou o além do além da física e da quântica
E da mística ininteligível,
Geometria nenhuma me dimensiona.
Houve um espelho que se quebrou em mil pedaços,
Fragmentados, era de dar dó,
Mas teimavam em refletir a mesma imagem,
Distorcidas, apáticas, desfocadas,
Também eu fui quebrado em mil pedaços,
Ando por aí a juntar caco por caco,
Sentimentos e desejos perambulantes ao acaso.
Sou tantos, mas todos verdadeiros.
Vez por outra desconheço alguns meus,
Afogado por um rio de possibilidades infindas,
Águas caudalosas transbordadas de eus,
Luto para emergir e enxergar os tus,
E após tanta briga me agarro nos teus.
Meus eus sem tu ser-não,
Alguns dos meus, são teus, eus.
Há muitos ainda pelo chão,
E outros escondidos nos breus.
O ser-não é um fantasma que me apavora,
Tive medo de serem teus, meus alguns eus,
Mas o vento só nos leva a ti agora,
Devora, sozinhos eus, adeus.