sábado, 6 de dezembro de 2014




 Travessia 

Segura minha mão, mesmo que fria,
Deita em minha cama, ainda que chão,
Ferve no meu corpo, mesmo que morno,
Descobre o meu sim, desdobra o não,
Delira em meu verso, mesmo que confuso,
Decifra o meu latim, ainda que obtuso,
Canta pra mim, amacia meu semblante duro,
Persiste na esquina, ainda que esteja escuro,
Pula a janela, mesmo que haja muro,
Navega em meu mar, aceita o mistério,
Abre a cancela, pousa em meu ninho,
Passeia em meu vento, roda o moinho,
Desvele o segredo, deixa fluir,
Não tema se houver ventania,
E se houver redemoinho, pode cair,
É travessia.


Beijo pra quem é de beijo.
Abraço pra quem é de abraço.